Blog
Dificuldade em “ir direto ao ponto” pode ser um sintoma precoce de Alzheimer
- 6 de abril de 2017
- Posted by: Alzheimer360
- Category: Prevenção e Tratamento
Sabe aquelas histórias vagas, que dão várias voltas, e possuem vocabulário pobre e muitas palavras repetidas? Então, elas merecem atenção.
Uma pesquisa realizada no Hospital Geral de Massachussets, nos Estados Unidos, concluiu que vocabulário repetitivo e dificuldade de ir direto ao ponto são sintomas precoces de linguagem afetada pelo Alzheimer!
Detalhe: esses sintomas podem aparecer anos antes do aparecimento dos sintomas característicos do estágio inicial da doença.
Quer um exemplo?
“Eu fui comprar os ingredientes na loja, mas eles não tinham todos os que eu precisava, não tinha o chocolate, então eu desisti. Aí voltei pro prédio. Hum… Então, eu encontrei a fulana de tal na portaria e ela me comprimentou… até que ela é simpática, né? Apesar de fazer tanto barulho no apartamento e incomodar um pouco os vizinhos, ela sempre comprimenta… Então, mas aí, na verdade não consegui fazer o doce, né, não tinha o chocolate…”
A frase acima pode ter sido dita por um doente de Alzheimer, bem antes de apresentar os primeiros sintomas cognitivos!
Como foi feito estudo
A pesquisadora responsável pelo estudo analisou 22 jovens, 24 idosos, e 22 pacientes com transtorno cognitivo leve, que corresponde a um quadro indicativo de Alzheimer.
No estudo, foram feitos vários testes para compreender e avaliar as modificações na linguagem. O objetivo era entender quais modificações são naturais da idade e quais são características dos estágios iniciais da doença de Alzheimer.
Os testes funcionavam assim: os pesquisadores pediam aos participantes para criar frases com três palavras simples, como caneta, papel e tinta.
Os mais jovens tendiam a construir frases diretas, simples e objetivas como: “Molhei a caneta na tinta e escrevi no papel”.
Os participantes mais velhos e saudáveis também construíram frases mais objetivas.
Os mais velhos com transtorno cognitivo leve formaram sentenças mais compridas e vagas. Quanto mais as frases foram longas, mais os participantes se perderam e apresentaram dificuldades para construir uma conexão entre as três palavras-chaves.
Conheça alguns casos que ilustram a pesquisa
Essa pesquisa é a primeira a testar a hipótese de que o Alzheimer dá sinais muito precoces quando se trata de linguagem. Alguns casos conhecidos já vem ilustrando essa ideia.
A escritora Iris Murdoch era conhecida por se utilizar de palavras raras e complexas em suas obras.
Porém, no seu último livro, Jackson’s Dilemma, a complexidade do seu vocabulário tão característico foi dando lugar à repetição de palavras.
Esse livro foi publicado um ano antes de Iris ser diagnosticada com a doença de Alzheimer.
A diferença era tanta que um grupo de pesquisadores da University College London fez uma análise dos livros palavra por palavra, usando inteligência artificial para comprovar esse declínio cognitivo!
Outro caso é o da famosa escritora Agatha Christie. Apesar de não ter tido o diagnóstico confirmado em vida, um estudo realizado na Universidade de Toronto concluiu que Agatha Christie tinha a doença de Alzheimer!
O estudo analisou 16 romances da autora, escritos entre seus 28 e 82 anos.
Foi observada uma grande diminuição na variedade de palavras escolhidas. Além disso, foi observado também o aumento de substantivos e pronomes indefinidos e do número de repetição de frases.
Os pesquisadores concluíram que a as mudanças de linguagem de Agatha Christie era sintomas de dificuldade de memória associadas com a doença de Alzheimer.
Outro caso interessante é o do ex-presidente americano Ronald Reagan, diagnosticado com Alzheimer em 1994.
Com o passar dos seus anos no poder, as palavras incomuns foram dando lugar a expressões como “coisa”, “então”, “basicamente” e outros termos chamados “termos de preenchimento”.
O uso de muitos termos de preenchimento foram considerados indícios de que ele os usava para ganhar tempo até se lembrar da palavra correta que gostaria de usar.
Um avanço nas pesquisas sobre o Alzheimer
Os pesquisadores responsáveis por esse estudo pretendem trazer mais esperança para as pessoas com Alzheimer!
Segundo a pesquisa, o objetivo é desenvolver testes de linguagem eficientes que consigam detectar essas pequenas alterações de linguagem em pessoas ainda jovens, para que a doença comece a ser tratada o quanto antes!
Afinal, como já sabemos, quanto mais cedo o diagnóstico for dado e mais cedo o tratamento iniciar, melhores são os resultados. Por isso é tão importante estar atento aos sinais e ao observá-los, procurar um médico.
Além disso, é importante começar a se previnir agora! Algumas atitudes simples podem fazer muita diferença, como praticar atividades físicas, seguir a dieta mediterrânea, investir em atividades intelectuais…
Para conhecer todas as formas de prevenção, através dos melhores profissionais, conheça a plataforma de ensino online do Alzheimer360! Você terá acesso a conteúdos atualizados, variados e selecionados para que você conheça todos os ângulos da doença, da forma mais fácil possível. Clique aqui e conheça agora!