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[Alzheimer] Aprendemos juntos a arte de cuidar – Papo de Cuidador
- 18 de março de 2019
- Posted by: Alzheimer360
- Category: Cuidador
Ninguém nasceu sabendo ser mãe ou pai. Quando nasci meus pais aprenderam essa lição aos poucos, a cada choro, dor de barriga, febre no meio da noite… aprenderam a identificar a diferença entre o silêncio de cansaço e o silêncio de dor e desconforto; criaram técnicas para correr atrás de mim e imobilizar a criança agitada para trocar as fraldas; inventaram estratégias para que eu comesse toda a sopinha, sem cuspir ou engasgar; aprendemos juntos jeitos de segurar a colher e ao mesmo tempo equilibrar o arroz, até que chegasse a minha boca.
Os meus pais aprenderam a segurar a minha mão para desenhar as primeiras letras, assim que comecei a segurar o lápis sozinha, meio desajeitada e ansiosa. Descobriram formas de me contar histórias, para que eu viajasse junto, naqueles mundos mágicos que só os livros poderiam me apresentar.
Minha mãe aprendeu comigo quais as regras e cuidados deveria ter com a menina, que começava a querer colocar o pé no mundo, para aprender a caminhar nesse lugar estranho e cheio de encantos e perigos.
Meu pai aprendeu comigo, um jeito melhor de segurar a bicicleta pelo banco, para que eu conseguisse me equilibrar e dar as primeiras pedaladas sem as rodinhas de apoio.
Nós aprendemos juntos a conter a raiva e o cansaço, o medo de me soltar no mundo, e a preocupação em permitir que eu andasse com as próprias pernas, sem perder de vista esta caminhante inocente e imprudente.
E entre sustos, erros e acertos, nós aprendemos juntos a arte de cuidar e proteger o ser indefeso e totalmente dependente, que eu era.
Até que um dia, o Alzheimer transformou o meu porto seguro e o colo sempre à minha espera, em seres indefesos e totalmente dependentes. Os papéis se inverteram e precisei aprender a ser pai e mãe dos meus pais.
Começamos um novo capítulo na nossa história de amor e descobertas, a diferença é que eles escreveram o primeiro capítulo da nossa história e eu estaria escrevendo com eles, o último capítulo.
E esse último capítulo estaria recheado de medo, solidão, revolta, cansaço, frustração e um cheiro de despedida e saudade antecipada. E com tudo isso, eu sabia que em cada instante de dor e desespero, o Amor estaria sustentando cada instante.
Aprendi com meu pai a acalmar o medo e a revolta que, em momentos de lucidez, ele conseguia expressar. Aprendi que aquele olhar desesperado pedindo ajuda e tentando compreender tudo o que acontecia, poderia encontrar no meu colo, o conforto que ele precisava naquele momento, ainda que eu também estivesse assustada.
Aprendi com meu pai a tirar as mãos dele do fio da tomada, para não levar choque e usei a mesma técnica que ele usou comigo, quando eu era um bebê curioso e teimoso.
Aprendi com ele a conter a raiva, o medo que me cegava quando ele delirava e ameaçava quebrar a casa toda; usando a mesma técnica que ele usou quando eu adolescente queria passear de madrugada, e ele sabia que aquilo era perigoso demais para uma menina que mal sabia se defender do mundo. Eu mudava de assunto e tentava distrair aquela “criança” teimosa, e ele se acalmava.
Aprendi com minha mãe a trocar fraldas e dar comida na boca, sem deixar cair no colo, assim como ela fez comigo; aprendi a suportar o cansaço e o medo de errar, assim como ela fez comigo e acho que conseguimos, embora a sensação de que poderia ter feito melhor, sempre nos acompanhasse.
Aprendi a passar noites em claro, a chorar e brigar com Deus sem que o Amor que sentia por eles fosse maculado.
E todas essas lições fizeram de mim, um ser humano melhor e mais forte.
Só uma lição eles não me ensinaram – a despedida.
Ninguém me ensinou a dizer adeus. Ninguém me ensinou a voltar para casa e limpar o pente que ainda guardava o fio de cabelo dela; a colocar aquela sandália que ele amava, na caixa de doação.
Não sei se poderia ter feito melhor, se conseguiria ter sido uma filha melhor mas, sei que em cada choro desesperado, nos gritos de revolta e no medo que sempre esteve presente, o Amor sempre foi a fonte que alimentou esse nosso último capítulo.
Míriam Morata, autora de Alzheimer diário do esquecimento e Alzheimer recolhendo os pedaços.
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Publiée par Alzheimer diário do esquecimento sur Vendredi 21 septembre 2018
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Míriam