Pesquisadores descobrem relação entre Alzheimer e a perda do cromossomo Y

Você sabia que a chance de desenvolver Alzheimer é maior em mulheres? As razões são pouco conhecidas, mas a hipótese mais aceita é de que isso se dá devido ao aumento da expectativa de vida feminina em relação a masculina.

A perda de cromossomos Y em células sanguíneas ao longo da vida é uma das teorias mais aceitas sobre a razão de a expectativa de vida dos homens ser menor que a das mulheres.

A perda do cromossomo Y é a mutação genética mais comum nos homens, em determinado grau de células sanguíneas. Essa mutação ocorre em 17% dos homens, principalmente em homens mais velhos e fumantes.

A perda do cromossomo Y já é um fator de risco conhecido para o câncer. A novidade é que, segundo um estudo, ele pode ser um marcador da doença de Alzheimer!

Conheça o estudo

O estudo foi realizado pela Universidade de Uppsala, na Suécia, e teve a participação de pesquisadores de Grã-Bretanha, França, Estados Unidos e Canadá.

A pesquisa vai na contramão da maioria das pesquisas genéticas hoje, que geralmente mantém o foco nas variantes genéticas hereditárias, ou seja, características ou mutações que são herdadas geneticamente de pais para filhos.

O que essa pesquisa faz é olhar para as mutações genéticas que ocorrem pós-zigoto, ou seja, mutações que são adquiridas ao longo da vida.

O objetivo é analisar as variações genéticas ao longo da vida para ajudar a entender e explicar doenças como o câncer ou Alzheimer.

Segundo o estudo, homens que tem mutações no cromossomo Y desenvolvem a doença de Alzheimer com a mesma frequência que pessoas nascidas com genes associados ao risco aumentado para a doença.

Como foi realizado o estudo?

Os estudiosos observaram uma amostra de mais de 3.000 homens, que tinham em média 73 anos, para analisar se havia de fato alguma associação entre perda do cromossomo Y nas células do sangue e doença de Alzheimer.

Os pesquisadores tiveram acesso a grandes amostras de sangue dos voluntários em longos períodos de tempo. Os participantes que tiveram maior porcentagem de glóbulos sem um cromossomo Y foram caracterizados como mais propensos a desenvolverem a doença de Alzheimer. Além disso, os pacientes que já tinham sido diagnosticados com Alzheimer haviam perdido esse cromossomo em maior grau.

Mas não se assuste! Ter a perda do cromossomo Y não garante totalmente que a pessoa terá câncer ou Alzheimer. No estudo, houveram casos de homens que possuiam a mutação e vivem sem sintomas dessas doenças aos 90 anos.

Porém, segundo o estudo, a perda do cromossomo Y nas células do sangue pode vir a se tornar um biomarcador para o risco de Alzheimer e a avaliação da presença desse cromossomo pode ter um papel importante no diagnóstico precoce.

E sabemos que quanto mais cedo o diagnóstico for feito e o tratamento iniciado melhor para o idoso e sua família, não é?

Os próximos passos

Apesar de muito promissor, o estudo não esclarece por que o risco de Alzheimer pode ser mais alto nos homens que possuem essa mutação no cromossomo Y.

Segundo os pesquisadores, o estudo é de caráter preliminar e enfatiza a importância de observar que o cromossomo Y pode desempenhar funções importantes além da determinação do sexo masculino e a produção de espermatozoides.

Os pesquisadores responsáveis pelo estudo irão explorar, em seus próximos trabalhos, mais detalhadamente como o cromossomo Y confere risco para o Alzheimer e câncer. Estão nos planos da equipe também examinar as alterações que são causadas nas células devido a essa perda do cromossomo Y e como isso afeta diferentes tipos de células sanguíneas.

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