Incontinência Urinária em pessoas com Alzheimer: como identificar e o que fazer

Ter incontinência urinária é muito comum na pessoa com Alzheimer, principalmente nos estágios mais avançados.

Isso acontece porque doença de Alzheimer pode ser responsável por interferir na capacidade da pessoa de reconhecer a necessidade de ir ao banheiro, saber quando está com vontade, encontrar o banheiro e usá-lo corretamente…

Enfim! Podem ser várias razões, mas todas costumam ser resultados da própria doença.  A boa notícia é que existem formas de lidar com isso e melhorar a vida do doente.

O que o cuidador deve fazer?

A primeira coisa que temos que frisar ao falar desse assunto é que o cuidador deve tratar a incontinência urinária com muita naturalidade, para não deixar o doente constrangido.

Em seguida, é muito importante que o cuidador investigue se existe alguma razão para estar ocorrendo essa incontinência.

Afinal, a boa notícia é que na maioria das vezes o problema é tratável, mas o doente pode não falar sobre por não compreender o que está acontecendo. Por isso é importante que o cuidador identifique os sinais das possíveis causas.

Além disso, é muito importante analisar constantemente se há sinais de infecção urinária no doente. Alguns sinais são:

• Urinar pouco, mesmo bebendo muito líquido;
• Dificuldade para urinar;
• Sensação de queimação no momento de urinar;
• Urina escura, com odor fétido;
• Confusão ou agressividade;
• Pode acontecer de o doente sentir dor e não conseguir se expressar. Por isso é importante que o cuidador fique atento às expressões faciais que ele faz ao urinar, como caretas;
• Pode apresentar sangue na urina;
• Febre;
• Náuseas.

Preste atenção ao banheiro: ele pode contribuir para a incontinência!

Dificuldades para caminhar sozinho, medo de cair, banheiro muito longe do quarto, rigidez das articulações, vergonha de tirar a roupa perto de outras pessoas… esses fatores, que podem estar presentes na vida do doente, podem contribuir ativamente para o aparecimento da incontinência!

Isso ocorre porque o acesso dificultado ao banheiro faz com que o doente possa simplesmente evitar de fazer essa atividade.

A boa notícia é que, nesse caso, a incontinência é totalmente reversível.

O que o cuidador pode fazer para resolver esse problema é fazer mudanças e adaptações que facilitem o acesso ao banheiro e que o doente consiga chegar lá de forma segura.

Anote algumas dicas para o banheiro da pessoa que tem Alzheimer:

• Se o vaso sanitário e o chão forem da mesma cor, tente colocar pontos de cores para contrastar e tornar mais fácil a identificação;
• Deixe a porta aberta e a luz acesa quando não tiver ninguém usando o banheiro para  a pessoa se sentir mais à vontade para entrar;
• Se a pessoa tem o hábito de urinar em locais inapropriados, retire do banheiro e do quarto objetos que possam ser confundidos com o vaso sanitário;
• Evite tapetes para a pessoa não tropeçar;
• Certifique-se de que o vaso sanitário está bem fixado no chão e que o assento está fixado no vaso sanitário para não escorregar;
• Se necessário, utilize barras de apoio para a pessoa ter uma ajuda para se levantar e se sentar e mantenha um vaso sanitário mais alto;
• Se a pessoa está com dificuldades em urinar, uma opção é oferecer um copo de água ou abrir a torneira e deixar a água correr;
• Se a pessoa estiver inquieta e não quiser se sentar no vaso sanitário, a dica é permitir que ela se levante e se sente algumas vezes. O cuidador pode usar a música ou qualquer coisa que a distraia enquanto está no banheiro;
• se a pessoa tiver dificuldade de ir ao banheiro, use o famoso penico ao lado da cama. O importante é que ela faça suas necessidades.

Outra dica é que o cuidador observe o intervalo médio entre uma ida ao banheiro e outra, e que leve o doente ao banheiro antecipadamente.

O cuidador nunca deve apressar a pessoa para ir ao banheiro rápido, pelo contrário, deve tranquilizar o doente e usar expressões comuns, como “ vamos fazer xixi?”

Foi constatado: o doente está com incontinência. O que fazer?

Caso o cuidador perceba que o doente está realmente com incontinência, deve providenciar fraldas geriátricas para já!

O ideal é que as fraldas sejam usadas à noite e, durante o dia ele deve ser acompanhado ao banheiro. É importante que o cuidador mantenha o cuidado em observar o intervalo médio entre uma ida ao banheiro e outra e continue o acompanhando dessa forma.

Caso não exista a possibilidade do cuidador acompanhar o doente ao banheiro dessa forma, o dia todo, o ideal é que a pessoa com Alzheimer use fraldas geriátricas o dia inteiro, e que elas sejam sempre trocadas em intervalos de no máximo 3h.

É muito importante que o cuidador esteja sempre atento à troca das fraldas.  Permanecer com elas molhadas faz com que a pele entre em contato com a  acidez da urina, o que pode provocar coceiras, assaduras e lesões na pele.

A dica é que a cada troca que for feita, o cuidador faça uma higiene íntima completa. Para isso, não basta limpar a região dos genitais apenas, mas lavá-las com água e sabonete.

As infecções urinárias mais frequentes, geralmente podem ser causadas pela má higienização, principalmente pelo ato de usar o papel higiênico de trás para frente, trazendo das fezes. Portanto, é muito importante prestar atenção nisso.

A agitação do paciente pode estar ligada ao fato de que suas fraldas estão molhadas. Fique atento, ok ?

Outra atitude que pode ajudar muito é incentivar a ingestão de líquidos adequada. A média é de 5 a 8 copos de água por dia, variando de acordo com o peso e a orientação médica.

O que pode acontecer é que pessoas com Alzheimer podem se esquecer de beber água ou já não compreenderem a sensação de sede. Por isso, o cuidador deve estabelecer uma rotina de ingestão de líquidos em que ele controle essa esfera da vida do doente também.

E sobre a incontinência fecal?

Em relação a incontinência fecal, a dica é investir na alimentação da pessoa com Alzheimer.

Doentes que têm uma alimentação saudável costumam ter seus hábitos intestinais mais regulares e fica mais fácil controlar a evacuação.

Fazer um exercício físico, se for possível, também pode ajudar.

A regrinha de observar o intervalo médio de idas ao banheiro e levar o doente até lá com antecedência vale para esses casos também, ok?

Lembre-se sempre que a incontinência pode trazer sofrimento para a pessoa com Alzheimer. Portanto, para ajudá-lo, o cuidador deve permanecer calmo, gentil, paciente e conservar o bom humor ao ajudar a pessoa em uma situação tão pessoal, que pode gerar desconforto.

Tentar a todo momento se colocar no lugar do doente é importante para que o cuidador não perca a sensibilidade com aquela pessoa.

Cuidar de alguém com Alzheimer é uma tarefa complexa e cheias de desafios novos, que se não forem encarados com sensibilidade e carinho será muito mais difícil e sofrido. Um exemplo que devemos nos espelhar é o da Ana Heloisa Arnaut, cuidadora da sua mãe com Alzheimer.

Ela exercita a sensibilidade, o bom humor, consegue ter jogo de cintura para lidar com os desafios da doença e deixar a mãe mais feliz. Na plataforma do Alzheimer360 tem um vídeo inspirador da Ana Heloísa contando como ela fazia esse processo da sensibilidade, como cuidava da mãe e dicas de cuidado valiosas! Para assistir esse e outros vídeos inspiradores clique aqui e participe da plataforma!