Cidade colombiana pode ter a resposta para o Alzheimer

Uma pequena cidade da Colômbia, a 139km de Medellín pode conter a resposta que os cientistas estão buscando para a cura do Alzheimer. Isso porque os nativos da região possuem uma mutação que faz com que grande parte da população desenvolva o Alzheimer precoce. A pesquisa que vai tentar desvendar os mistérios escondidos no DNA dos moradores de Angostura conta com um investimento de mais de 50 milhões de dólares.

Cerca de 12% dos mais de 12 mil habitantes da cidade possuem essa mutação genética que faz com que o Alzheimer surja precocemente em suas vidas por volta dos 35 anos. Os primeiros sinais se manifestam como lapsos de memória, chegando ao comprometimento total das habilidades em estágio avançado.

Encontrando o caminho do Alzheimer

Uma das primeiras famílias a assentar morada na vila chegou até o local na busca por ouro nos rios da região (o que também atraiu muitas outras pessoas). Não existe outra família tão afetada pela doença do que consanguíneos de Javier San Pedro Gómez e Maria Luisa Chavarriaga Mejía; existem ao menos cinco mil pessoas afetadas em toda a árvore genealógica.

A incidência do Alzheimer precoce é tão grande nessa região que cerca da metade de todas as pessoas no mundo que apresentam a doença precocemente se encontram no estado colombiano de Antioquia.

Ciência x Alzheimer

O Grupo de Neurociências Universidade de Antioquia, em parceria com institutos americanos, está realizando o mapeamento genético de todos os moradores dessa pequena cidade e vai escolher 250 voluntários que começarão a ser testados e analisados antes que os primeiros sintomas da doença comecem a se manifestar.

Os testes têm o intuito de encontrar respostas que ajudem a atrasar ou impedir o surgimento e desenvolvimento do Alzheimer. Grande parte dos remédios testados hoje em dia possuem pouca eficácia porque chegam até o doente tarde demais, quando o cérebro já está muito comprometido para ter respostas positivas. Para Pierre Tariot, um dos diretores da pesquisa no Instituto Banner do Arizona (EUA), muitos outros testes ainda precisam ser feitos antes de algo ser afirmado, “sobretudo em relação ao Alzheimer tardio, mas acreditamos que iniciar o tratamento antes que a perda de memória ocorra é um passo importante para dar um fim ao Alzheimer”.

A pesquisa vai analisar antioquenses e americanos que possuem predisposição genética para o Alzheimer. Eles vão receber drogas para tentar impedir a formação de placas beta-amilóides no cérebro, uma das principais características da doença.

Alzheimer hereditário no mundo

No mundo existem cerca de 389 grupos genéticos que apresentam a mesma mutação que leva ao Alzheimer precoce, o mesmo apresentado pelos moradores de Antioquia As pessoas que possuem esse tipo hereditário da doença representam 1% do total das vítimas do Alzheimer.

Francisco Lopera, coordenador do Grupo de Neurociências, aponta o difícil acesso à região, os hábitos rurais herdados da ascendência basca e inúmeros casamentos entre pessoas de uma mesma família, como fatores determinantes para três séculos de ininterrupto gerações.

E as previsões não são muito animadoras: até 2050 a quantidade de pessoas com Alzheimer deve quadruplicar.

Antioquia e a chave para a cura

A importância dos antioquenses na pesquisa se dá pela possibilidade de cientistas e estudiosos conseguirem compreender como age o mecanismo do Alzheimer antes dele começar a se manifestar, já que todos os voluntários possuem o gene da doença.

A medicação começará a ser ministrada 15 anos antes do possível início dos sintomas, que acontece por volta dos 35 anos. Peter J. Whitehouse, neurologista da Universidade Case Western Reserve, se mantêm cético “Não está claro se os remédios que funcionarem para os voluntários vão servir para o Alzheimer tardio ou se as drogas serão eficientes se ministradas mais cedo.”

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