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Como se comunicar com a pessoa com Alzheimer?
- 5 de fevereiro de 2018
- Posted by: Alzheimer360
- Category: Sem categoria
A linguagem é uma das primeiras funções a serem prejudicadas com o Alzheimer. A maioria das dúvidas que recebemos aqui no Alzheimer360 é em relação a dificuldades de linguagem da pessoa com Alzheimer… Existem orientações e dicas importantes para que a comunicação com a pessoa com Alzheimer seja efeitiva e, trouxemos essas orientações no artigo de hoje.
Muitas pessoas, inclusive, têm as dificuldades com a linguagem como os primeiros sintomas da doença. Os principais sintomas iniciais de Alzheimer que envolvem a linguagem são:
- Pausas longas entre as frases ou dentro de uma própria frase;
- Esquecimento constante de palavras, a palavra que “foge” à cabeça;
- “Dar muitas voltas” em uma história antes de concluir o raciocínio (por exemplo, ao invés de ir direto ao ponto, a história dá muitas voltas)
Portanto, ao notar esses sintomas, de forma frequente, em seu familiar, encoraje-o a ir ao médico. Pode ser sintoma de Alzheimer ou de outras doenças e é importante investigar.
Como lidar com as dificuldades de linguagem da pessoa com Alzheimer?
Caso o Alzheimer seja diagnosticado, os familiares e cuidadores devem se informar sobre esses sintomas da doença na linguagem, para que a comunicação seja eficiente.
A dica mais importante para lidar com essas dificuldades de linguagem é simples: tenha paciência! Deixe a pessoa com Alzheimer buscar as palavras em sua mente no seu próprio tempo e, deixe que ela tenha seu tempo para compreender a mensagem, processar e responder. Não a pressione para responder: quando o doente se sente pressionado, as respostas tendem a ser piores. Além disso, nunca deboche ou deprecie sua dificuldade.
Ajude-a com dicas, principalmente quando você perceber que a pessoa está com muita dificuldade em achar a palavra certa ou completar seu raciocínio. Dê preferência por ajudá-la a encontrar a palavra ao invés de responder por ela, porque isso ajuda a estimular o intelecto (essencial para o tratamento).
Dê apoio e acalme-a caso a pessoa fique ansiosa com seus esquecimentos. Tranquilize-a e dê conforto. Se coloque no lugar dela e pense como deve ser difícil perceber seus esquecimentos! Portanto, tenha empatia e trate a pessoa com Alzheimer com carinho.
Uma outra dificuldade comum na comunicação, principalmente em pessoas em estágio inicial é a de convencer a pessoa sobre sua condição (por exemplo, convencer o doente a tomar os medicamentos para o tratamento). A família e o cuidador devem manter um comportamento paciente e positivo com o doente. Tente conscientizar a pessoa com Alzheimer sobre a doença usando a empatia e paciência. Não seja agressivo, pense que como deve ser difícil aceitar que tem uma doença neurodegenerativa. Ao invés disso, chame a atenção para os resultados positivos do tratamento quando iniciados mais cedo, mostre que você está do lado do doente.
Acompanhe a pessoa com Alzheimer nos exercícios cognitivos, físicos e sociais, estimule uma alimentação saudável e visitas ao médico. Esteja presente e deixe isso claro, que a pessoa não está só. Isso cria sentimentos de proteção e segurança, fazendo com que a pessoa com Alzheimer fique mais relaxada. Essas atitudes ajudam no tratamento.
Portanto, cuidadores, tentem se manter calmos e pacientes. Isso faz toda a diferença na forma como a pessoa responde aos estímulos e no tratamento.
A pessoa com Alzheimer na fase inicial costuma buscar disfarçar (em muitos casos, até para si mesma) seus esquecimentos de palavras usando um artifício chamado “circunlóquio”. Circunlóquio é basicamente quando a pessoa com Alzheimer acha saídas para conseguir completar a comunicação mesmo que se não se lembre da palavra. Por exemplo, ao invés de dizer “Onde está a copo?” a pessoa diz “Onde está aquele negócio de beber água?” Esse tipo de atitude pode ser incentivado, de certa forma. Afinal, a pessoa continua se estimulando para se fazer entender, trabalhando o cérebro e mantendo a interatividade.
É muito comum que os sintomas de linguagem passem batido pelos familiares do doente, justamente por conta desse truque que o a pessoa com Alzheimer faz de conseguir passar a mensagem que ela quer, mesmo esquecendo a palavra. E, isso pode atrasar o diagnóstico, já que a família pode não perceber os sintomas.
É comum, também, que a pessoa com Alzheimer use a ironia ou a defensiva para não mostrar que está com dificuldades cognitivas. Por exemplo, falar “Me respeita, não vou responder uma questão tão simples assim”. E, isso pode mascarar os sintomas e atrasar o diagnóstico.
Portanto, familiares, fiquem atentos!!!
Dicas práticas para a comunicação da pessoa com Alzheimer:
- Use o presente do indicativo e passado/futuro simples;
- Evite frases muito complicadas;
- Evite linguagem formal;
- Não repreenda o doente! Evite frases como: “Você já disse isso várias vezes”. Isso pode constranger a pessoa com Alzheimer;
- Não seja agressivo. Transmita calma em sua fala;
- Responda e pergunte sempre de forma assertiva e simples;
- Prefira frases curtas, com poucas personagens e fatos. Aos poucos, caso a pessoa se interesse pelos detalhes, você vai falando as outras informações (usando frases curtas também);
- Evite perguntas que exijam que o doente tome uma decisão com alternativas e prefira perguntas que ele consiga responder com ‘sim’ ou ‘não’. Por exemplo, ao invés de perguntar “Você quer suco ou café?” pergunte “Você quer suco?”
- Posicione-se de forma com que a pessoa com Alzheimer consiga olhar para você enquanto conversam e que ela esteja com sua atenção voltada para o diálogo;
- Atraia a atenção do doente para a conversa. Um simples “vamos conversar” pode cumprir esse papel;
- Mantenha-se na mesma altura que a pessoa com Alzheimer. Isso parece simples, mas tem bastante efeito na comunicação. Por exemplo, se o doente estiver sentado, sente-se também;
- Se possível, pegue nas mãos da pessoa com Alzheimer para transmitir paz, segurança e conforto;
- Mantenha o tom de voz calmo e tranquilo;
- Fale pausadamente;
- Tenha muita paciência e espere o doente responder no tempo dele;
- Repita a pergunta ou frase quantas vezes forem necessárias até que o doente compreenda;
- Antes de começar um novo assunto, finalize o anterior (e, de preferência, avise ao doente que outro assunto será iniciado usando frases como: “agora vamos falar sobre tal coisa”;
- Não fale com o doente como se ele fosse uma criança. Ele é um adulto e pode não gostar de ser infantilizado.
Fatores que o cuidador deve observar
Muitas vezes a pessoa com Alzheimer não vai conseguir expressar o que está sentindo. Portanto, o cuidador deve “ler nas entrelinhas” das ações do doente, isto é, prestar atenção a todos os sinais que o doente transmite na comunicação além da palavra. O cuidador deve observar com atenção:
- As expressões faciais do doente;
- Os gestos do doente;
- Os movimentos dos lábios do da pessoa com Alzheimer;
- Se o doente está prestando atenção na conversa;
- Se existem outros fatores no ambiente que podem estar chamando a atenção da pessoa com Alzheimer (como televisão, ruídos, etc).
O cuidador deve interpretar a comunicação da pessoa com Alzheimer, treinar a empatia. Aliás, usar a empatia é a principal dica para a comunicação com uma pessoa com Alzheimer, independente da fase em que ela se encontra. Para se inspirar, assista aos vídeos de cuidadores que se dedicaram aos seus familiares com Alzheimer e lidaram com muita empatia e carinho. São inspiradores! Se inscreva na Plataforma de Ensino Online do Alzheimer360 e assista!
Gostei muito sobre este artigo da linguagem do doente com Alzheimer. Gostaria de me inscrever para receber mais artigos. Obrigada!
Olá, meu nome é Daiana, sou de Santa Catarina. E minha avó foi diagnosticada com o mal de Alzheimer em torno de um ano, e desde então outros familiares estavam cuidando dela. E Em torno de dois meses nós tomamos a decisão de traze-la morar em nossa casa, estamos dando o nosso máximo, pesquisando histórias de famílias que jan passaram por isso, nos adaptando as mudanças, porém ainda sentimos dificuldade em entender a doença. Vocês teriam algumas dicas que pudessem nos orientar melhor?
Att. Daiana Nogueira
Adorei o texto, meu Pai foi diagnosticado com alzheimer a cerca de seis meses ,mas já está numa fase um pouco adiantada,porque um médico achou por bem desvalorizar,gostaria de saber como posso ter ajuda para o ajudar.obrigado
Olá
É normal a pessoa com Alzheimer ou demência, nos momentos em que está mais agitada, se referir a ela mesma na 3ª pessoa? Por exemplo, ao invés de dizer “tira a mão de mim” diz “tira a mão DELA”
Obrigado.
Minha mãe foi diagnodticada com auzaime a um ano minha vida virou de cabeça pra baixo, mas lendo vários textos na Net pude entender um pouco mais ,sabe eu acho que a família sofre em ver a pessoa que vc ama nesta situação.trato de minha mãe com carinho e amor me dedico 24 horas a ela queria mais algumas dicas obrigado.
Infelizmente meu pai está no último grau de Alzheimer, não anda ,não fala ,
usa fraldas e se alimenta por sonda 😭 e além do Alzheimer, tem C A de próstata com metástases ósseas paciente paliativo 😭😭😭 Dói muito ver ele morrendo e não podemos fazer mais nada…só conforto ….me oriente por favor o que posso fazer para ajudar ele …….Ele não sabe quem eu sou ….mais sei bem quem ele é MEU PAI😭😭😭