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Como o psiquiatra pode ajudar na Doença de Alzheimer?
- 1 de dezembro de 2017
- Posted by: Anna Leão
- Category: Cuidador
Nós, do Alzheimer360, sempre frisamos a importância de trabalhar o Alzheimer com uma equipe multidisciplinar, isto é, contar com um grupo de profissionais de diferentes áreas para auxiliar em todos os lados da doença.
Com frequência, recebemos muitas dúvidas sobre o papel de cada profissional na Doença de Alzheimer. Para clarear as coisas para vocês, vamos fazer artigos que expliquem o papel desses profissionais tão importantes no dia a dia de uma pessoa com Alzheimer, seu cuidador e seus familiares.
Para começar, convidamos nossa parceira, psiquiatra e cuidadora de sua mãe com Alzheimer, Dra. Sueli Moseika para esclarecer como o psiquiatra pode ajudar a enfrentar a Doença de Alzheimer.
Sueli também é admistradora da página “Alzheimer: Cuidar e se cuidar”, no Facebook. Para acessar, clique aqui.
Confira a entrevista exclusiva completa:
1- O psiquiatra realiza o diagnóstico de Alzheimer?
Na maioria das vezes o diagnóstico da Doença de Alzheimer é feita por um neurologista ou geriatra. Isso acontece, inclusive, porque ainda há uma certa resistência e preconceito em se procurar o psiquiatra quando se tem algum problema de ordem psíquica, principalmente quando se atinge memória, desorientação no espaço e tempo, ou quando já está com mais de 65 a 70 anos.
Normalmente, o psiquiatra acaba fazendo o diagnóstico quando a família começa a perceber que o idoso está se isolando, deixando de fazer as coisas que gostava antes, já não sai mais, não se interessa pelos netos, não quer mais conversar, por exemplo. Nesse caso, a família acredita ser um quadro depressivo, então traz ao psiquiatra.
Aqui tem que se tomar um certo cuidado porque pode ser mesmo um quadro depressivo e se o profissional não pesquisar adequadamente o histórico do paciente pode fazer o diagnóstico de Alzheimer e ser realmente uma depressão.
O psiquiatra, como médico, deve fazer o histórico clínico bem detalhado. Se suspeitar da possibilidade de um quadro demencial deve aplicar o Mine Exame Do Estado Mental (que é um pequeno questionário de 30 pontos usado para rastrear perdas cognitivas, muito utilizado para identificar demência). Em seguida, o psiquiatra deve pedir uma série de exames para descartar outras patologias, uma vez que o diagnóstico patológico da Doença de Alzheimer só é feita no pós-morte, através de exame patológico do cérebro. Portanto o diagnóstico é realizado através do histórico clínico e a exclusão de outras patologias. Ainda não existe um exame clínico-laboratorial que dá o diagnóstico definitivo da doença de Alzheimer.
2- Em qual momento durante da Doença de Alzheimer a família precisa buscar uma orientação psiquiátrica?
Normalmente, se busca a ajuda psiquiátrica quando o portador de Alzheimer mostra mudanças comportamentais, como agitação, agressividade, delírios e alucinações de forma severa.
Uma ajuda que seria de grande valor é a família buscar orientação no que se refere ao autocuidado, principalmente o familiar que vai estar em contato direto e/ou constante com o portador da doença. É comum o cuidador familiar adoecer por não saber lidar de forma adequada com a doença, ou por não impor limites na sua própria vida. Pode desenvolver um quadro depressivo intenso, o estresse do cuidador e até mesmo desenvolver uma série de somatizações, como hipertensão, diabetes, hipotireoidismo, dentre outras, como consequência do estresse.
3- Quais são as alterações de comportamento mais comuns na pessoa com Alzheimer que o psiquiatra pode ajudar?
Agressividade, delírio e alucinações.
4- Existem abordagens não-farmacológicas que auxiliam no controle dessas alterações comportamentais?
Sim, existem.
É muito importante que o cuidador familiar e/ou o cuidador formal tenha conhecimento dessas alterações e não tome-as como algo pessoal ou mesmo uma pirraça ou implicância do paciente contra a pessoa do cuidador.
Neste momento é importante saber que o portador de Alzheimer pode estar confuso quanto o local, por não reconhece-lo, achar tudo estranho e se sentir perdido, fato que gera medo e ansiedade.
A pessoa com Alzheimer pode estar vendo ou ouvindo coisas que podem ser assustadoras para ela e, novamente, gerar medo e ansiedade. Nesse momento é importante desviar a atenção do idoso através de uma música que ele goste, mostrar algo como uma foto, um quadro ou um objeto interessante.
Pode dar um abraço se a pessoa gosta de contato físico e mostrar que você está lá para ajudá-la e protegê-la, falando sempre de forma calma, mas mostrando segurança.
5- Como o psiquiatra pode ajudar os cuidadores e familiares de uma pessoa com Alzheimer?
O psiquiatra pode ajudar através de orientação quanto à doença e seus sintomas psíquicos. Pode ajudar em relação à evolução, orientação das consequências de possíveis adoecimento dos cuidadores. Pode dar um suporte emocional e até mesmo terapêutico quando o cuidador já entrou no processo de adoecimento.
O psiquiatra pode, também, encaminhar o cuidador para outros profissionais conforme a necessidade, como por exemplo um psicólogo, grupos de apoio, médicos especialistas para doenças específicas que forem acometidos em função do estresse.
Orientar quanto a necessidade de se ter momentos de descanso, lazer, convívio social, etc também fazem parte do trabalho.
6- Quais dicas você dá para quem é cuidador/familiar de uma pessoa com Alzheimer e está com o Estresse do cuidador.
Quando o cuidador já entrou no estado de Estresse do Cuidador normalmente vai ser necessário um tratamento medicamentoso e até mesmo psicológico. Deixo as seguintes dicas:
– Fazer alguma atividade física que goste, que pode ser uma hidroginástica, caminhada, dança… Enfim, uma atividade que seja prazerosa.
– Aprender a fazer relaxamento, respirar de forma adequada. Isso pode ser feito em casa mesmo, sem custos. Na internet tem muitos vídeos explicativos.
– Fazer atividades interessantes e lúdicas. Assistir filmes, de preferência comédias, leituras agradáveis, fazer algum tipo de artesanato, jogos de tabuleiro ou cartas, jardinagem, cuidar de animais de estimação, etc. Muitas dessas atividades podem ser realizadas juntamente com o idoso.
– Rever seus hábitos alimentares e ter refeições saudáveis, tomar bastante líquidos.
– Rir com o idoso e não do idoso
– Frequentar grupos de apoio
– Cultivar relacionamentos sociais: Reservar um tempinho para sair com uma amiga e jogar conversa fora. Muito importante: manter o foco em coisas agradáveis e não só ficar reclamando. Deixe para fazer as reclamações e lamentos com o psiquiatra ou psicólogo.
– É muito importante ter momentos de sono reparador.
– Um cuidador estressado e sem paciência pode contribuir para a agitação e irritabilidade do seu idoso. Portanto, aprender a ouvir o seu corpo e respeitar seus limites físicos e emocionais é saudável para você, cuidador, e para seu idoso.
– Cultivar a espiritualidade e reconhecer que por pior que seja a situação ela pode te trazer algum ensinamento ou crescimento pessoal.
7- Como evitar chegar num ponto muito estressante?
Seja humilde o bastante para reconhecer que você não é um super herói e nem uma mulher maravilha. Busque ajuda de familiares, amigos e profissionais.
Quanto antes você, cuidador, começar ter a noção de seus limites, a buscar ajuda e principalmente a se respeitar, mais qualidade de vida existirá para você e para o seu idoso.
Ficar reclamando que nada disso é possível é como ficar patinando na lama. Para finalizar deixo uma frase que certa vez eu li e gosto muito, embora não me recorde do autor: “Não seja como a mosca que insiste em bater no vidro, mude de direção”.
E aí, ficou mais clara a importância desse profissional tão importante na Doença de Alzheimer?
O psiquiatra pode ajudar, e muito, o cuidador e o doente melhorando a qualidade de vida dos dois lados. É muito importante que você tenha um psiquiatra de confiança, que possa acompanhar o tratamento com vocês e que o façam se sentir seguros e confiantes no tratamento.
A Doença de Alzheimer deve ser acompanhada por um grupo de profissionais que, além do psiquiatra, contam com diversas outras especialidades, como fonoaudiologia, nutrição, direito, etc. Na Plataforma de Ensino Online do Alzheimer360 você irá aprender o que cada área tem a acrescentar e contribuir para o tratamento, cuidado e prevenção do Alzheimer. São vídeo-aulas gravadas por especialistas em Alzheimer de todo o Brasil dando o suporte em conhecimento para os familiares e cuidadores e pessoas com Alzheimer. Clique aqui e dê o próximo passo nos seus conhecimentos sobre Alzheimer!
Sou só eu e meu esposo, ele tem alzheimer, cada dia mais depende de mim e me sinto muito só e cansada o que fazer.
Bacana.
Tenho uma mãe com Alzheyme estou muito stressada ultimamente foi de grande ajuda está matéria. Ela só é acompanhada pela geriatra, mas está muito agitada e gritando muito. Peço por favor faça uma matéria sobre gritos. Agradeço muito, pois todos aqui em casa estamos ficando loucos com estes gritos.
Meu pai tá com Alzheimer, e eu luto com ele só, acontece que eu estou muito estressada, ansiosa, mas extremamente estressada, me falta a paciência, grito as vezes, depois me arrependo, choro, choro muito…me ajude por favor !!