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Depois de ter cuidado da sua mãe com Alzheimer, diretor de teatro faz peça com sua experiência
- 23 de abril de 2018
- Posted by: Alzheimer360
- Category: Arte e Cultura
A experiência de cuidar do pai ou mãe com Alzheimer é uma experiência transformadora para qualquer um. Ninguém que passou por essa experiência sai da mesma forma que entrou.
Alguns ex-cuidadores familiares transformam suas experiências em arte para inspirar e provocar reflexões nas pessoas. Essas manifestações artísticas, independente da sua forma (seja em livros, videoclipes musicais, filmes… ) são importantes para conscientizar a sociedade sobre o Alzheimer e para oferecer apoio e inspiração aos cuidadores familiares que vivenciam o Alzheimer hoje em dia.
Essa semana, os moradores de Santos podem prestigiar uma dessas manifestações artísticas, em forma de peça! Na sexta-feira (27/04) e sábado (28/04), vai ser apresentada a peça “Mamãe está com Alzheimer”, do Grupo de Teatro Luiz Thomas, em Santos.
Mostrar o crescimento espiritual e emocional do cuidador é o foco principal da peça, que foi inspirada em sua própria experiência como cuidador da mãe com Alzheimer.
Convidamos Luiz para uma entrevista exclusiva sobre a peça e a doença de Alzheimer:
Alzheimer360: Como surgiu a ideia de criar a peça? O que te inspirou? Conte um pouco sobre o processo criativo da obra.
Luiz Thomaz: O enredo tem uma abordagem vinda de minha própria experiência, ao cuidar de minha mãe, com Alzheimer, entre 2003 e 2007, ano que ele faleceu.
Tenho um Grupo de Teatro, onde já escrevo as minhas peças, todas de origem imaginárias, esta é a primeira baseada em fatos reais. Existem algumas permissões poéticas, porém em sua grande parte os elementos apresentados são muito próximos ao que vivenciei. Precisei de 10 anos após a morte da minha mãe para poder escreve-la, devido ao impacto emocional a que experimentei durante o processo da doença.
Alzheimer360: Quais são, ao seu ver, os principais desafios enfrentados por filhos que também são cuidadores de seus pais com Alzheimer?
Luiz Thomaz: O Primeiro desafio: Se instruir a respeito do que é essa doença e as suas diversas etapas, há quem a divida em 3 etapas, e eu concordo.
Segundo desafio, enfrentar preconceitos que criamos ao crer que somos incapazes de cuidar de um parente com Alzheimer.
Terceiro desafio, perder o egoísmo e a vaidade, pois 100 % do cuidador será necessário para o ato de cuidar do doente.
Alzheimer360: Qual o objetivo da peça?
Luiz Thomaz: Mostrar o crescimento emocional, e espiritual que um cuidador terá, ao enfrentar os desafios que ele jamais imaginaria que fosse enfrentar. E assim, trazer uma reflexão nas pessoas que tem seus pais com essa doença, fazendo-as crer, que somente em último caso a internação precisará ocorrer.
Alzheimer360: Conte um pouquinho sobre a peça, o que o público pode esperar
Luiz Thomaz: Após a descoberta, de que Ligia está com Alzheimer, seus 3 filhos entram em disputa, para decidir qual tipo de tratamento que ela deve receber. Interná-la, ou ser tratada dentro da sua própria casa.
Conflitos envolvendo interesse e afeto, são a tônica deste enredo, onde superação e muita emoção estão sempre presentes.
A peça é um drama de superação e tem a duração de 1h10min.
Alzheimer360: Qual você considera que seja o papel da arte na luta contra o Alzheimer em nossa sociedade?
Luiz Thomaz: Creio, que o papel da arte, não deve ser direcionado a um tema específico, ou temas específicos. Para mim, a arte, principalmente o Teatro (que conta com a resposta imediata na plateia), é ter reflexão, transmitir à plateia ingredientes novos para que possam ser analisados, de forma mais completa, sobre o tema apresentado, seja qual for.
Alzheimer360: É a primeira peça que você dirige/escreve com temáticas de interesse social?
Luiz Thomaz: Não! Tenho a preocupação de sempre fazer com que a plateia saia diferente de quando ela entrou no Teatro. Sem direcionar ou emitir respostas, mas principalmente trazer reflexão com um leque maior de possibilidades a serem analisadas.
Alzheimer360: O que você acredita que deva ser melhor trabalhado em nossa sociedade para que exista mais conscientização sobre o Alzheimer?
Luiz Thomaz: Difícil falar por todos, repito que não sou um artista que traz respostas prontas, mas sim, um artista que se propõe a agitar as ideias prontas, com mais ideias novas, e elas juntas entrem em debate sobre o que deve ser escolhido como resposta para cada um.
Alzheimer360: Conte um pouco mais sobre o grupo de teatro e o trabalho de vocês.
Luiz Thomaz: O Grupo de Teatro que tenho existe há 30 anos, antes o nome era O Pessoal do Ainda, depois passou a se chamar Grupo de Teatro Luiz Thomas.
São atores que se formam no meu Curso de Teatro em Santos-SP, e depois os que querem continuar são convidados a participar de meus novos projetos anuais. Geralmente um ou dois por ano. Esse ano, 2018, terei 3 estreias, além de Mamãe está com Alzheimer, Idosos tem Alma de Criança e La Yzquierda jamás será Derecha.
As peças começas sempre com um trabalho de pesquisa, “Workshop”, onde criamos cenas livres impulsionadas pelo que é pedido por mim. Após alguns meses a peça começa a ter um esqueleto, e até a estreia ela vai recebendo mudanças.
Os ingressos podem ser adquiridos no site da Compreingressos. Para mais informações sobre a peça, contacte pelo Whatsapp: 13 99708-2753
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Para ter acesso a um documentário exclusivo e emocionante sobre Alzheimer e depoimentos de outros ex-cuidadores acesse a Plataforma de Ensino Online do Alzheimer360!
Que tipo de medicação sua mãe tomava?E por que morreu tão cedo?Ela dizia que queria ir para a casa dela e tentava sair ou fugir pela porta?Nao conseguia formar frases?Por gentileza ,peço sua resposta !Grata
Minha resposta a Simone, sinto muito por sua mãe, a doença tem muitos estágios e não reconhecer sua casa e filhos é uma delas.Mantenha o portão fechado e as chaves escondidas. Quanto as medicações, são várias, cada paciente tem uma dosagem específica. Um bom Geriatra poderá dar toda assistência a sua mãe ou se preferir um Neurologista. Que Deus de forças a você pra enfrentar essa luta. Estou lutando com minha mãezinha, ela já está no último estágio. Fazemos tudo por ela, mantê-la alimentada, medicada limpa e confortável é o mínimo para que ela tenha uma passagem menos sofrida.
Oi Simone… Meu pai tem Alzheimer e é normal eles se sentirem perdidos e acharem que não estão na casa deles!
Uma vez um medico disse que não é bom pra pessoa com Alzheimer a mudança de lugar, isso tanto em morar em lugares diferentes, como trocar as coisas de lugares em casa… Diz que a pessoa demora até três dias para se adaptar a troca de lugares.
Meu pai varias vezes fala de um lugar aonde morou quando criança e hoje, aqui na nossa casa, ele já não sabe aonde se guarda as coisas, por exemplo…
As vezes ele quer ajudar e quer lavar a louça, mas já vi ele pegando pano da pia ao invés da esponja.
Consultamos com um medico muito legal, ele ajustou a medicação dele, um remédio pro Alzheimer e outro para depressão… Ele tem crises, fica brabo, vê coisas, acusa as pessoas mais próximas de roubo, entre outras coisas mais, mas acredito que se ele não tivesse com a medicação essas crises seriam bem mais frequentes…
Graças a Deus meu pai nunca “fugiu” de casa, mas moramos no interior e se algum dia ele sair e se perder, tenho certeza de que alguém irá encontrar ele, pois todos o conhecem.
Gosto muito dos artigos do Alzheimer 360. Eles tbm me ajudam a tentar entender essa doença tão ingrata e tão triste…
Boa noite… Vi sua entrevista no. VIVER BEM. Muito bacana td q vc falou… Passamos por isso.. Minha sogra teve e já faleceu.. Mas confesso não é fácil e claro a união da família e de suma importância… Pena q mts somem…
Quero assistir… Mas já sei q vou me emocionar…
Sucesso pra vc e td o. elenco
Minha mãe está na segunda fase, estou achando que ela está tendo dificuldades na visão. Tem haver também com O Alzheimer? Gostaria de ver a sua peça moro no Rio vem para cá ?